Entre a guerra e o clima: gás natural é tema de reunião do G7
Atualizado: 7 de jun.
O grupo, formado pelas sete nações (tidas como as) "mais ricas" da economia mundial (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), abordou o tema gás natural retornando o debate sobre descarbonização e a tentativa de isolamento russo do sistema de abastecimento. A reunião aconteceu em 20 de maio de 2023, na cidade de Hiroshima, ilha de Honshu, no Japão.
O comunicado oficial emitido pelos líderes do G7 trataram da temática energia em no mínimo três principais tópicos. No item 25 foi reforçado o compromisso de zerar as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) até 2050 por meio da ampliação do uso de energias renováveis. A exemplo do que aconteceu nas Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, COP-26 (Glasgow na Escócia em 2021) e COP-27 (Sharm El Sheikh no Egito em 2022), o G7 não consegui garantir (ou assumir) o compromisso de eliminação do carvão da matriz mundial no médio prazo.
No item 26, tratando dos objetivos de otimização da aplicação de combustíveis fósseis, a Rússia foi citada. Diz o G7 que é necessário buscar uma independência da energia russa, através da economia de energia e redução da demanda de gás. Assume ainda que seria apropriado investir no modal de Gás Natural Líquido (GNL) como alternativa à queda da oferta, fruto do embargo Europeu à Rússia que tem como pano de fundo o conflito na Ucrânia que culminou com o ataque aos gasodutos de transportes russos Word Stream 1 e 2. No mesmo tópico, o grupo defende a retomada do uso da energia nuclear, de forma segura, considerando seu caráter livre de emissões.
Na abordagem do item 27, que também trata de energia, a manifestação se apresenta mais evasiva. Enfatizando a urgente necessidade de transição energética, como enfrentamento aos GEE, o G7 destacou a necessidade de diversificação e transformação dos sistemas de energia e das cadeias de suprimentos.
O fato curioso das manifestações através de comunicado oficial das sete nações está que em dado momento o gás natural é destacado como uma ameaça ao meio ambiente e uma commodity que onera o ritmo industrial (caso do gás russo transportado por gasodutos marítimos e terrestres) e, ao mesmo tempo, uma oportunidade por meio da garantia de abastecimento pelo modal GNL visando dar conta da nova demanda. Com o ataque aos gasodutos russos, a rejeição de suprimento pela Europa e o direcionamento da oferta para a China, os Estados Unidos (EUA) se tornaram o maior exportador de GNL do mundo.